quarta-feira, 20 de novembro de 2013

O trem de levitação magnética de Xanghai, na China

Há alguns dias, tivemos a oportunidade de viajar à China, a convite de uma empresa fabricante local de equipamentos para telecomunicações. O objetivo foi conhecer diversos sistemas de telecomunicações para aplicações ferroviárias, nas áreas de transmissão por fibras ópticas e wireless (sem fio), além de segurança eletrônica e data centers, também aplicáveis à operação ferroviária.

O ponto alto da visita foi a apresentação dos sistemas em condições operacionais reais, ou seja, em funcionamento em campo. Para tal, uma das visitas que mais nos chamou a atenção foi no Maglev, trem de levitação magnética. Este trem encontra-se em operação comercial (o único no mundo) desde dezembro de 2003, entre a estação Longyan Road (integrada ao Metrô da cidade) até o aeroporto Pudong (um dos dois aeroportos internacionais de Shanghai), num percurso de 30 km realizado totalmente em via elevada.

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O trem, fornecido aos chineses por um consórcio de empresas alemãs, desloca-se suspenso através de poderosos campos magnéticos sobre uma plataforma de concreto de uns 3 m de largura, onde são montados os eletroímãs que suspendem o trem. Nas laterais dessa plataforma, ao longo de toda a via, encontra-se montado o equivalente ao “estator” do motor linear, enquanto que o “rotor” é montado no trem, fazendo com que o mesmo possa acelerar até uma velocidade limite no qual a resistência do ar torne-se a principal força contrária. Assim, pelo fato de ter forças contrárias desprezíveis no sentido do deslocamento, este trem atinge velocidade máxima comercial de inacreditáveis 430 km/h e faz o percurso de 30 km em apenas 7 minutos, embora possa chegar a bem mais de 500 km/h. Essa velocidade máxima é atingida em 2 minutos a partir da partida do trem, mantém-se por apenas 3 minutos e a partir daí desacelera para a chegada.

Na visita, verificamos que o sistema wireless que recebe e transmite informações do trem (câmeras de segurança, sinalização, etc.) além de disponibilizar acesso à Internet aos passageiros através de wi-fi, estabelece uma comunicação terra-trem a uma taxa máxima de 43 Mb/s, sem perdas de sinal ao longo da via. Trata-se de uma boa marca considerando a velocidade com que o trem se desloca.

O trem compõe-se de duas classes (um carro “executivo” e dois “standard”) e a viagem se realiza com baixo nível de ruído. Porém, nos chamou a atenção a cabine do operador, totalmente espartana, embora espaçosa, com um prosaico ventilador doméstico dando um mínimo de conforto ao operador, um armário comum, um painel de disjuntores e duas telas no painel. Como contraponto, a operação do trem parece ser extremamente automatizada, com pouquíssima interferência do operador.

Embora à primeira vista pareça ser uma excelente opção para grandes cidades, este trem não parece ser adequado a transporte de massa, uma vez que seu uso apenas se justifica em percursos semelhantes a este de Shanghai, para que o mesmo possa desenvolver a velocidade que sua tecnologia permite. Isso sem falar no custo de implantação, extremamente elevado por ser uma tecnologia ainda em desenvolvimento e também no custo da operação, já que o trem consome fantásticas quantidades de energia. Pelo preço da passagem (50 yuans, o equivalente a R$ 18,00), cremos que, pela quantidade de passageiros que o mesmo leva por viagem, deva haver forte subsídio governamental para sua operação.

Mas em matéria de transporte ferroviário, a cidade de Shanghai tem um sistema metroviário invejável, com 11 linhas, algumas cobrindo longas distâncias, mais de 60 km. Além disso, no outro aeroporto internacional da cidade (Hongqiao) localiza-se a estação ferroviária dos TAV chineses que partem de Shanghai. Nesta visita, deu para ver que os chineses não estão brincando de trenzinho. No próximo artigo trataremos do sistema chinês de trens de alta velocidade e com mais detalhes do TAV que liga Shanghai a Beijing.

Foto: Paulo Roberto Filomeno

Fonte: PortoGente

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